Crédito.
- Lucca B. de Menezes
- 21 de set. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 2 de mai. de 2021
Você realmente sabe o que é crédito? De onde vem essa modalidade e porque ele é tão importante na nossa economia?
Quando falamos de crédito, qual é o primeiro pensamento que vem a sua mente? Será aquele pedaço de plástico retangular que o banco disponibiliza para você poder parcelar suas compras? Ou um dinheiro que você emprestou para o seu amigo comprar um lanche e este será devolvido na sua conta na próxima semana?
Pois bem, primeiramente devemos entender o conceito de crédito e de onde isto surgiu, para entendermos o quão importante essa modalidade é na economia mundial.
Uma palavra que vem do latim: Credo, ou seja, Eu acredito.
O crédito tem seus primeiros relatos de aparição ainda na Idade Média, principalmente na Itália, onde comerciantes burgueses - hoje conhecidos como credores pois eram agentes superavitários, tinham dinheiro "sobrando" em caixa para poder realizar transações de empréstimo - concediam os valores necessários realizando a cobrança de um percentual no ato do recebimento do valor creditado.
Sendo um país majoritariamente católico, onde a igreja atribuía o ato de cobrar para emprestar dinheiro um pecado, as primeiras casas de crédito foram desenvolvidas por judeus.
E quando falamos sobre cobrar para emprestar dinheiro, estamos falando do juro, o que em outras palavras é o preço do dinheiro no tempo.
Crédito é então, a capacidade de se obter dinheiro ou um bem, baseado na crença de que aquela quantia será reembolsada no futuro.
A evolução desta forma de transacionar valores foi tão importante quanto qualquer inovação tecnológica no progresso da civilização. O crédito é uma grande fonte, se não a maior, de financiamento de empresas e até mesmo governos.
Nos dias atuais, temos um mercado de crédito muito mais desenvolvido e seguro tanto para o credor quanto para o tomador. E a sua cessão pode ser realizada tanto para Pessoa Física quanto para Pessoa Jurídica, claro, com suas diferenças em termos de prazo, natureza, taxas e objetivos.
Algumas modalidades de crédito.
Para PF, é a cessão de recursos – feita por bancos, financeiras, cooperativas – direcionada ao financiamento de bens para consumo imediato (cartão de crédito, cheque especial, carnê ou crédito pessoal) ou para aquisição de bens duráveis (crédito imobiliário ou financiamento de veículos). Dado o risco de default e o destino do crédito as taxas tendem a ser mais altas e os prazos mais curtos (a exceção de créditos subsidiados).
Já para Pessoa Jurídica - é a cessão de recursos voltada ao financiamento de bens de capital (novas plantas ou máquinas), capital de giro ou rolagem de antigas dívidas. E nestes casos as taxas e prazos são mais personalizados dado o tamanho da empresa, seu rating, e sua necessidade de “encaixar” o pagamento da dívida ao fluxo de caixa do projeto/aquisição em questão.
Análise de crédito.
Em um processo de análise de crédito para cessão de capital, sempre será levado em conta o Risco x Retorno da operação.
Pense que o seu vizinho Dunha tem fama de mal pagador pois deve fiado para todas as padarias do bairro. Certo dia, este vem até você e pede um dinheiro para trocar de moto pois a sua está com uma roda quebrada.
Você emprestaria o dinheiro ao Dunha? E quanto você cobraria sobre este valor para correr o risco de não receber este dinheiro nunca mais?
Pois é, isso é chamado de Risco de Crédito, ou seja, é o risco de você não receber o seu dinheiro de volta, é o risco da pessoa tomadora do empréstimo, não cumprir com as obrigações.
Em nosso país, existe a taxa básica de juros da economia - Selic, onde o governo, através do Copom, determina qual será este percentual, que em vista do mercado, serve como balizador para as demais taxas de operações de crédito e financiamento.
Visto isso, podemos dizer que o governo para se financiar paga essa taxa a quem queira emprestar dinheiro a ele. Digamos que hoje está em 2,75%, quanto você iria cobrar do Dunha pelo empréstimo que solicitou a você?
5,50%? 8%? 10%?
Concorda que há mais risco do Dunha não te pagar do que o governo e por isso o percentual deverá ser maior?
No mercado dizemos então que a taxa Selic é a Taxa Livre de Risco.
Agências de Rating, Credit Rating e seu papel no mercado.
Existem hoje três principais agências globais de rating - Moody's, S&P e Fitch - que usam classificações baseadas em notas para avaliar o risco de inadimplência de uma dívida ou uma instituição emissora de dívida.
Na tabela abaixo temos o quadro de como essas empresas classificam as dívidas ou os devedores:

Os ratings dessas três grandes agências de classificação de risco tem se provado bastante precisos para medir o risco de inadimplência, salvo algumas exceções.
Se pegarmos a década de 1991 - 2010 vemos que as taxas de inadimplência corporativa global das companhias classificadas em AAA teve um percentual de 0.00% de default, 0,03% em AA e 0,08% em A, 0,23% em BBB, 0,87% em BB, 5.00% em B, pulando para 25,91% em C/CCC.
No entanto, existem limitações e riscos em se confiar cegamente nessas agências, pois como já ocorrido no passado, os ratings de crédito podem mudar com ao longo do tempo e tendem a ter um atraso em relação ao mercado. Além do mais, as agências de classificação podem cometer erros, assim como qualquer companhia.
Alguns pontos importantes na hora de emprestar seu dinheiro, seja via debêntures, TPF ou qualquer classificação de título, é analisar o que o beneficiário pretende fazer com o dinheiro, olhar historicamente o índice de pagamentos deste e sua reputação.
Lembrando: quanto maior o retorno, maior o risco.
Recomendação: assistir o documentário A Ascensão do Dinheiro no Youtube.
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