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[Análise de Conjuntura] Você conhece o indicador IPA e sua importância?

  • Foto do escritor: Lucca B. de Menezes
    Lucca B. de Menezes
  • 6 de jun. de 2021
  • 7 min de leitura

Hoje vou falar para vocês sobre o Índice de Preços ao Produtor Amplo - IPA. Como ele funciona, quais suas premissas e porque devemos olhar com atenção para este indicador.

 

Durante os últimos meses, realizei uma profunda pesquisa junto a dois colegas de classe do curso de Ciências Econômicas da Universidade Paulista - UNIP, Dimitri Carrer Peniche Moreira e Vinícius Barros da Costa sobre o Índice de Preços ao Produtor Amplo, antigamente conhecido como Índice de Preços ao Atacado.


Em resumo, irei trazer o nosso trabalho manuscrito abaixo onde apresentamos seu histórico de evolução nos últimos anos, e nossa análise de projeções para os próximos dois anos, o "boom das commodities" e como ele influenciou este evento.


O IPA é um índice que tem como objetivo medir a variação dos preços, ou seja, se há inflação ou deflação no período de análise.


Introdução.


O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), antigamente chamado de Índice de Preços por Atacado, é um dos indicadores inflacionários do nosso país, este em específico mensura a variação de preços de produtos agropecuários e industriais. A principal utilização se dá na sua inclusão com outros dois índices:

  • IPC (Índice de Preços ao Consumidor).

  • INCC (Índice Nacional de Custo de Construção).

Estes três indicadores juntos formam o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), criado em 1940 pela Fundação Getúlio Vargas para mensurar a inflação nas etapas dos processos produtivos. Para calcular o índice IGP-M a FGV distribui pesos para cada índice descrito anteriormente, sendo 60% para IPA, 30% para o IPC e 10% para o INCC, assim o IGP-M surge como média ponderada desses “sub-índices”.


O IPA pode ser dividido de três formas distintas, são elas IPA-DI, que calcula a evolução dos preços dos produtos entre o primeiro e o último dia do mês de referência (mês a ser estudado), IPA-10 que calcula a evolução dos preços do dia 11 do mês anterior até o dia 10 do mês de referência e por fim o IPA-M que calcula a evolução dos preços entre os dias 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de referência.


Para calcular o índice nas três formam distintas, é feito uma pesquisa em quinze (15) principais estados do Brasil, sendo eles - Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.


Em seguida, os dados de 481 mercadorias são apurados e é feita uma média no valor dos produtos, como todos os produtos industriais e agrícolas têm pesos, realiza-se uma média ponderada. Analisar o IPA hoje é importante pois esse índice foi um dos que mais cresceu ao longo do último ano. Durante a pandemia de Covid-19 e as políticas internas do país aceleraram a inflação e o IPA chegou a bater 42,7%, superando a alta de inflação de 2003, como informa o FGV.


Evolução do índice nos últimos 10 anos.


Para apresentar e evolução dos últimos 10 anos do índice IPA, utilizamos os dados de sua variação mensal x seu acumulado nos últimos 12 meses em valores percentuais, considerando o IPA-DI – Disponibilidade Interna para poder entender a alta dos preços que observamos hoje nos alimentos, por exemplo.


Como já explicado, o índice mede o ritmo evolutivo de preços praticados no nível de comercialização atacadista e nas transações interempresariais, ou seja, nas operações comercializadas no atacado, que antecedem o varejo.

Utilizamos em nossa análise os valores a partir de janeiro de 2001 a abril de 2021, visto que o calculo do mês atual (maio 2021) ainda não havia sido apurado.


Olhando friamente para o índice abaixo, vemos que a maior alta do índice se deu no período de novembro de 2002 chegando a bater 7,45%, dado ao cenário de aumento no preço dos alimentos e da gasolina, segundo estudos da época, o IBGE informou que esta alta refletiu, basicamente, o repasse da alta do dólar sobre os preços ao consumidor. Dentre os grupos, alimentação e bebidas com 19,47% no ano foi o que apresentou maior variação.

Podemos concluir ainda que a variação foi grande, visto que o país vinha de uma média de 0,94% ao mês no ano de 2001, com um acumulado de 11,88% no ano.

Porém, quando olhamos para o índice no acumulado dos últimos 12 meses, vemos que o cenário é bem negativo no ano de 2021, aguardando a apuração de maio/21 com um total acumulado de 46,09%, superando os 43,63% no pico de 2002.


Como o IPA tem o maior peso dentro do índice IGP-M, podemos realmente sentir essa alta no nosso dia a dia. Se compararmos ao IPCA conseguimos entender o motivo da discrepância entre os índices que tem o intuito de trazer a mesma métrica, mas porque isso?

Bom, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidos Amplo) abrange as famílias com renda de 1 salário-mínimo a famílias com renda de 40 salários-mínimos no mês. E desde produtos alimentícios até passagens aéreas.


Podemos dizer que esta amplitude não reflete realmente no bolso do brasileiro, pois ao mesmo tempo que os alimentos e bebidas tiveram uma alta de aproximadamente 40% no ano de 2020, as passagens aéreas somaram uma queda de 57%. Quando colocado na balança para cálculo do índice vemos que a inflação não está tão controlada assim.


Já o IGP-M por possuir 60% da sua base de cálculos, o IPA, vemos como a alta no IPA reflete o bolso do brasileiro médio que trabalha para alimentar-se e não para viajar ao exterior.

Desta maneira, identificamos a importância do índice IPA no cálculo da inflação de nosso país, através dele identificamos a alta nos preços que antecedem o que consumimos no nosso dia a dia realmente, abaixo segue os grupos que são utilizados para o cálculo.


O IPA tem abrangência nacional e a sua medição é dividida nos seguintes grupos:

  • Produtos agropecuários: lavouras temporárias, lavouras permanentes e pecuária;

  • Produtos industriais da indústria extrativa: carvão mineral, minerais metálicos e minerais não-metálicos;

  • Produtos industriais da indústria de transformação: produtos alimentícios e bebidas, metalurgia básica, produtos químicos, entre outros;

  • Bens finais: alimentação, combustíveis, máquinas e equipamentos, entre outros;

  • Bens intermediários: embalagens, suprimentos, materiais e componentes para manufatura, entre outros;

  • Matérias-primas brutas: agropecuárias e minerais.


Projeção do Índice para 2022.


Ao contactarmos a FGV que é responsável por pesquisar e publicar mensalmente o IPA, obtivemos o retorno de que o IBRE não divulga projeções para esse índice. Ao pesquisar em outras fontes informativas sobre índices de inflação como o Boletim Focus do Banco Central, responsável por publicar as projeções do IPCA e do IGP-M para 2022, também não foi encontrado o IPA, assim como em nenhuma outra fonte oficial - IPEA e IBGE.


Porém, como sabendo que o IGP é a média aritmética ponderada de três outros índices, conforme já falamos acima, pegamos a projeção do IGP-M para 2022 publicado pelo Boletim Focus no dia 23/04/2021 e usamos como base já que 60% dele é composto pelo IPA, observe o gráfico da FGV a baixo:


Repare como o IGP-M acompanha o IPA-M e que o IPA-M é sempre maior que o IGP-M.


Tendo IGP-M como base e sua projeção para 2022 é de 4,15% segundo o Focus-Relatório de Mercado do BC, (observe a tabela na próxima página), com base na conjuntura econômica atual o porquê da alta desse índice de inflação se dá principalmente por três fatores: a alta das commodities, depreciação cambial e descompasso na oferta de algumas matérias-primas.

O IPA é calculado segundo duas classificações, que são: Estágios de Processamento (matérias-primas brutas, bens intermediários e bens finais); e Origem dos Produtos (produtos agropecuários e produtos industriais).



O Boom das Commodities.


Recentemente pudemos observar uma alta significativa nos preços das commodities em geral e analistas prevêem que as commodities que esta tendência de alta se manterá pelos próximos meses. O IPA está relacionado diretamente com as commodities já que a maioria dos produtos que compõe seu índice entra nesta categoria.


As commodities alimentares podem estar entrando em um super ciclo segundo alguns especialistas. Os motivos por traz desse movimento no setor do agronegócio é devido a questões climáticas envolvendo a balança comercial.

Uma série de fatores ocorridos nos últimos anos que depreciaram o preço de determinadas commodities, como o período nevasca recente ocorrido no maior produtor de milho mundial (EUA), e enchentes ocorridas na época da colheita de soja no Brasil, sem contar na China que a dois anos teve uma gripe suína afetando a sua produção de porcos. Hoje os porcos, por exemplo voltam a procriar criando a necessidade de milho para alimentar essa população crescente o que gera uma pressão nas exportações de milho. Observe abaixo gráficos do milho, soja e boi.


Gráfico da variação de preços do Milho no Mercado Futuro Brasileiro. Fonte B3.


Gráfico da variação de preços da Soja no Mercado Futuro Brasileiro. Fonte B3.


Gráfico da variação de preços do Boi Gordo no Mercado Futuro Brasileiro. Fonte B3.


Ao analisarmos os gráficos vemos que eles estão em forte tendência de alta, visto que o milho e o boi estão em patamares de máximas históricas, o que causa este aumento significante nos preços, refletindo assim para que o IPA entre também em tendência de alta.

Podemos observar que nesses três índices houve uma queda em dezembro seguida de uma recuperação em janeiro sendo o mesmo movimento que ocorreu no IPA-M no período, o que nos mostra no gráfico do acumulado dos últimos 12 meses da FGV, isso serve para concretizar o peso desses produtos no IPA.


As commodities relacionadas as indústrias como a de geração de energia, metalúrgicas e siderúrgicas também estão em um ciclo de alta por conta da demanda externa, principalmente da China que vem comprando muito minério de ferro do Brasil, e com a alta do preço no barril do petróleo, que apesar de uma commodity extraída também no Brasil é vendida em sua forma bruta e comprada novamente refinada, e com o real desvalorizado ante ao dólar o resultado é o aumento no preço. Observe abaixo os gráficos referentes ao ferro e petróleo.


Gráfico da Empresa Vale. Fonte B3.


Gráfico da Empresa PetroRio. Fonte B3.

Sendo o petróleo e o ferro fonte de matérias-primas de muitos produtos industriais, percebemos também o impacto que a alta nessas duas commodities fazem no índice de inflação.


Conclusão.


Podemos concluir então que o IPA é um índice de grande importância para medir a inflação no Brasil, que mostra a alteração de preços nos estágios de negociação de produtor para produtor, no qual é usado na composição do IGP, que por sua vez pode ser usado por empresas para fazer seu planejamento estratégico ou pelo próprio governo para se basear nos seus ajustes de inflação e para a população como uma métrica para confrontar o IPCA.



Autores:

Lucca Bortolato de Menezes.

Dimitri Carrer Peniche Moreira.

Vinícius Barros Costa.


Atividade Prática Supervisionada do curso de Ciências Econômicas, apresentado a Universidade Paulista- UNIP.


Jundiaí - SP Março de 2021.


Instituto de Ciências Sociais e Comunicação - ICSC.

Cursos de Ciências Econômicas.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


https://portalibre.fgv.br/estudos-e-pesquisas/indices-de-precos/ipa http://www.yahii.com.br/ipaM.html

https://br.advfn.com/indicadores/ipa https://www12.senado.leg.br/noticias/glossariolegislativo/igpdi#:~:text=%C3%8Dndice%20Geral%20de%20Pre%C3%A7os%2FDisponibilidade,a%20infla%C3%A7 C3%A3o%20oficial%20no%20Brasil.

https://www.suno.com.br/artigos/indice-de-precos-ao-produtor-amplo/

https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus

https://portalibre.fgv.br/fgv-dados

https://www.ipea.gov.br/portal/index.phpsearchword=%C3%ADndice+de+pre%C3%A7os+ao+produtor+amplo&ordering=category&searchphrase=all&Itemid=32&option=com_search


 
 
 

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© 2020 The Deal BR Magazine -  Por Lucca Menezes

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